sábado, 19 de fevereiro de 2011

Um mero reconhecimento!

"Observa o teu culto à família e cumpre os teus deveres para com o teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás de castigar os homens."

                                                                                                                    Pitágoras

Sustentado por esta expressão, decidi desviar-me da habitual e confortável posição à superfície de qualquer tema, aliar-me ás palavras e integrar-me neste texto.
Recentemente, após uma conversa comum entre amigos, apercebi-me um pouco da minha ausência emocional para com a minha família, os vários aspectos a melhorar, laços por fortalecer ou um intríseco orgulho por quebrar. Poderia, certamente, partilhar mais sobre mim aos meus, expor o meu estado de espírito ou alhear-me de uma noção de independência, provavelmente, demasiado vincada.
Afirmo orgulhosamente que os meus pais proporcionaram-me uma educação muito liberal, isenta de regras disfuncionais ou escolhas forçadas. Sensatez e honestidade são palavras que os definem. Ensinaram-me a distinguir o bem e o mal, o certo e o errado e, acima de tudo, ensinaram-me a decidir por mim mesmo. Afinal, "o que é uma família senão o mais admirável dos governos!" - Henri Lacordaire. Sei que tive mais do que precisava, reconheço tal sorte, pois são muitos aqueles que não têm uma família, ou que a têm "descaracterizada".
Considero que uma consistente base familiar é um ponto de extrema importância na nossa construção enquanto seres humanos, porém, não é exclusivo. Certamente, homens e mulheres de grande carácter e intelecto foram, são e serão criados sem um suporte familiar, sem um rosto com o qual se possam identificar.
Em suma, este breve texto não é uma análise, uma critica ou um qualquer pensamento. É apenas e só um reconhecimento da fortuna pessoal que possuo e uma expressão do orgulho que sinto pela mesma.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um olhar sobre o vazio!

"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito."

                                                                                                       Fernando Pessoa

A perfeição, a desumana perfeição. Uma busca inglória. Um ideal desprovido de qualquer defeito, que reúne todas as qualidades. A plenitude, à qual nada pode ser adicionado ou retirado. Será?
A perfeição não existe. Se existisse, não seria perfeita, seria monótona. A ausência de algo tão primário como um erro ou um vício tornaria um Homem numa mera regularidade de processos ocos e atitudes pré-concebidas. Num plano onde tudo é relativo, onde o certo e o errado, o bem e o mal são apenas uma questão de ponto de vista, a perfeição ergueria um vazio, onde os contrários se anulariam.
Se o Homem fosse perfeito, a invenção de Deus teria sido inócua, sem qualquer tipo de relevo social. Não seria necessário o recurso a uma entidade superior para justificar e suprir os erros do Homem, no sentido em que este não cometeria erro algum. Algo de extrema inutilidade seria esta criação baseada na imagem humana, alimentando-se das suas imperfeições, com o intuito de explicar o que, presumivelmente, seria inexplicável. O Homem perfeito não precisaria de Deus, seria Deus. Possuiria o conhecimento absoluto e o inexplicável não teria qualquer expressão.
Considero a perfeição inalcançável e incompleta, no entanto, deve ser necessariamente cobiçada. Deve ser desejada e não temida, até porque nunca vai ser atingida.